sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Porque falo do sr. José Mário Branco...

Aos 40 anos fiquei desempregada! Claro que percorri a via sacra dos desempregados  ( eu que achava que tal nunca me ia acontecer) e tomei conhecimento com a triste realidade deste país. Quem, como eu, ao fim de 20 anos de bons serviços é considerado redundante e em nome da crise é despedido e começa a tal via sacra dos centros de emprego ( nunca percebi porque lhe chamam centro de emprego visto que só lá vão os desempregados) onde estive oito horas só para me inscrever, ia-me sentando de vez em quando em cadeiras desconfortáveis (mas para quem é, bacalhau basta!). Quando finalmente tive a honra de ser recebida por uma funcionária, claramente farta de receber imprestáveis como eu, queixei-me da espera e a funcionária respondeu-me que estava lá há mais horas do que eu... (comentários para quê? É uma funcionária pública portuguesa...).
Agora já faço parte das estatísticas, finalmente sou oficialmente desempregada!!!
Numa das reuniões para as quais eu era gentilmente convidada pelo tal centro de emprego, apresentaram-me de  forma magnânime uma acção de formação que iria transformar a minha vida, esta era a minha oportunidade de ajudar a melhorar as estatísticas de alfabetização do nosso país e concluir brilhantemente o 12º ano.
Cá estou eu nessa tal acção de formação e num dos módulos em que um dos objectivos é tentar aproximar os pobres excluídos das novas tecnologias e criar um blogue, em que cada um escolha e fale sobre um tema. O meu tema é, como não podia deixar de ser, o grande José Mário Branco. Não quis deixar passar esta oportunidade de poder falar do meu ídolo.

O Sr. José Mário Branco (devia ser) é uma fonte de inspiração para todos nós, quer como pessoa, quer como artista.
Manteve-se fiel à sua palavra e aos seus ideais, não aceitou medalhas por fazer aquilo que achava que tinha de ser feito! E como diz o deputado do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza: “É um incendiador de almas!”.
E como diz a canção  (FMI):  “Nós fazemos como o avestruz, enfiamos a cabeça na areia e pensamos: não tenho nada com isso. E achamos que a solução é não ver, não ouvir, não querer ver, não querer entender...”.
E é preciso acordar, é preciso ter opiniões, é preciso incomodarmo-nos.
José Mário Branco usa a palavra como uma arma, e se às vezes é ácida e corrosiva, outras é esperançosa e consoladora e é preciso que os jovens que não sabem o que custou a liberdade conheçam este autor, compositor, cantor e  aprendiz de feiticeiro que põe a sua voz e o seu talento à nossa disposição e ensina-nos que a nossa consciência não tem preço.
Provalvelmente, ele nunca visitará este blogue, mas mesmo sem o seu conhecimento quero deixar aqui registado o meu agradecimento por tudo o que ele me ensinou e por todos os momentos de prazer que ele me proporcionou, com a sua música e as suas palavras.
Obrigada.
José Mário Branco forever... (J.Pimenta forever)

Cristina Carvalho
http://www.youtube.com/watch?v=ZUJts90HIHc

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